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Erguida sobre a lava solidificada de uma grande erupção de 1200 anos atrás, Aokigahara Jukai (O mar verde, em tradução livre) cresce majestosamente aos pés do Monte Fuji.
Tivemos a honra de participar de uma expedição guiada floresta adentro observando as características peculiares deste incrível e misterioso lugar.
O ponto vermelho no mapa abaixo indica o ponto de partida da nossa jornada. Durante o nosso passeio encontramos placas e porteiras que impediam o acesso à determinadas áreas. Segundo o nosso guia, Aokigahara é um local de preservação nacional, portanto não pode ser visitado sem a presença de um guia credenciado.
Uma das primeiras características observadas durante a caminhada por Aokigahara é a presença de rochas escuras no solo e uma grande quantidade de lodo no chão e na parte inferior do tronco das árvores e no solo. As rochas formadas a partir da solidificação do magma possui diversos orifícios de onde gases são liberados durante o processo de solidificação.
A presença maciça de tais pedras repletas de pequenos orifícios no solo faz com que a água das chuvas fique, em grande parte, retida na superfície, o que impede sua penetração no solo, tornando pobre o solo do local e acarretando a formação de lodo na base das árvores.
Apesar dos seus 1200 anos de desenvolvimento, as características geográficas de Aokigahara contribuem para a manutenção de seu aspecto de “floresta jovem”, permanecendo verde durante todo o ano. Nos climas temperados oceânicos como o da região central do Japão, é comum testemunhar as mudanças da vegetação: o desenvolvimento das folhas e florescer das flores na primavera, folhas verdes e fortes no verão, folhas secas, amareladas e vermelhas no outono e a queda das folhas no inverno.
A erupção ocorrida no ano de 864 (6º ano da era Heian) foi de tamanha proporção que deu origem à configuração atual dos 5 lagos do Monte Fuji (fujigoko) como conhecemos. Observando o mapa abaixo, podemos notar que a floresta de Aokigahara está localizada imediatamente próxima à 3 dos 5 lagos do Monte Fuji. Segundo especialistas, os 3 lagos próximos à floresta (da esquerda para a direita – os lagos Motosuko, Shoji e Saiko eram apenas um, formando os 3 (e não 5) lagos do Monte Fuji.
É possível notar, na imagem acima, a diferença entre a “nova floresta” formada sobre a solidificação do magma (à esquerda) e a “floresta velha” (à direita) em seu “’estado natural” de floresta desenvolvida, passando pelos diferente estágios ao longo das quatro estações (nossa visita aconteceu em dezembro, durante o inverno japonês).
Outro fenômeno interessante causado pela pedras de origem magmática é a absorção dos sons. Na prática isso significa, praticamente, a ausência de eco, mesmo tratando-se de uma floresta tão ampla, o que, segundo turistas, atribui uma atmosfera de solidão à Aokigahara.
Estes imensos cogumelos grudados à arvore são popularmente chamados de (saru no kochikake)“cadeira de macaco” por moradores da região.
O fluxo da lava durante a erupção a que nos referimos anteriormente foi tamanha que criou esta enorme cratera que deu origem a cratera que pode ser observada nas imagens.
Assim como toda o solo da floresta, as paredes da caverna criada pela passagem da lava são constituídas de rochas magmáticas, portanto, apesar de seus 200m de extensão não é possível produzir eco em seu interior, devido aos orifícios contidos na rocha que absorvem o som emitido.
Outro detalhe fascinante em relação a esta caverna em especial é o fato de sua temperatura se manter estável durante todo o ano (aprox. 2oC).
Começou a chover minutos antes de entrarmos na região da cratera, e, para a nossa surpresa, ao descermos os aproximadamente 5m e nos aproximarmos da entrada da caverna, a chuva se misturava com a neve, apenas naquele local.
Ao entrarmos na caverna, a queda brusca de temperatura é facilmente perceptível.
Segundo o nosso guia, esta caverna teria sido utilizada por centenas de anos como uma espécie de “geladeira” natural para fins comerciais para armazenamento de seda, dentre outros produtos de alto valor. Pudemos observar diversas formações de gelo dentro da cratera. O aumento da temperatura média dentro da caverna, ao longo dos anos (cerca de 1o nos últimos 5 anos, segundo nosso guia) teria contribuído com o derretimento de grande parte do gelo que outrora teria sido predominante por aqui.
(*Ao aproximar-mos da cratera a chuva transformou-se em neve - vide imagem acima)
*Monumento que explica a origem da caverna, assim como seu tombamento em 1929 e utilização como "geladeira natural".
No interior da cratera não há qualquer resquício de luz ou qualquer objeto que reflita a luz exterior, de modo que, se desligarmos as lanternas por alguns instantes, é possível experimentar como seria não poder usufruir da visão. Por mais que a ideia possa parecer assustadora, é incrível como após cerca de 1min a percepção sonora se amplia.
Talvez você já tenha ouvido falar de Aokigahara como a “Floresta Suicida” devido ao envolvimento do local em incidentes do gênero em sua história recente, ou, seu aparecimento em obras literárias como Tower of Waves (Torre de Ondas – Tradução Livre, original 波の塔) publicado em 1960 pelo premiado escritor Matsumoto Seicho (1909-1992). Entretanto, recomendo fortemente que, quem puder, vá pessoalmente visitar este incrível local, e seja testemunha deste tesouro geográfico, histórico e cultural do Japão bem aos pés do Monte Fuji.
Para mais informações (inglês/ japonês), acesse o link da página oficial:
https://www.the-highestpeak.com/aokigaharaforestcavejapanese(外部リンク)
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